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segunda-feira, 22 de agosto de 2011

PostHeaderIcon O Direito destrói o lirismo das tragédias




Gerivaldo Neiva, 28.09.2010


Em um parque de diversões, o feirante José matou a facadas seu amigo João, pedreiro, e sua própria namorada, Juliana, movido pelo ciúme. Teria cometido, portanto, homicídio duplamente qualificado (motivo fútil e recurso que impossibilitou ou dificultou a defesa) e deverá submetido a julgamento pelo Tribunal do Júri.
Para as manchetes dos jornais populares, inquéritos policiais e Ações Penais, a notícia seria assim mesmo. Um homicídio, apenas. José, até então um feirante “rei da brincadeira”, tornou-se um assassino frio e calculista e deve “apodrecer” na cadeia. As famílias das vítimas concedem entrevistas clamando por “justiça” e confeccionam cartazes e camisas com as fotografias das vítimas.
Para o lirismo da poesia de Gilberto Gil, no entanto, o “rei da brincadeira”,José, depois de trabalhar durante a semana, guardou a barraca de feirante e, como sempre o fazia aos domingos, foi passear no parque. De outro lado, o amigo João, o“rei da confusão”, trabalhador da construção, resolveu não jogar capoeira naquele final de semana e também foi ao parque.
A decepção de José ao avistar Juliana, sua namorada, com João, só poderia mesmo ser descrita por um poeta. Juliana na roda gigante com João tinha um sorvete e uma rosa na mão. O espinho da rosa feriu José e o sorvete gelou seu coração, ou seja, sangrava o corpo tinha o coração gelado. Agora não existia mais razão. Impossível raciocinar, pensar. A roda continuava girando e José agora é parte deste turbilhão. O morango do sorvete se transforma em sangue e a cabeça de José é uma roda gigante por onde se desfaz seu sonho de uma família com Juliana. Seu sonho, agora uma ilusão.
José não se lembra de nada e nem poderia lembrar. Estava sem razão. Era pura emoção, revolta e decepção. O corte brusco na narrativa poética quer dizer exatamente isto. José só se lembra da roda gigante rodando e Juliana com João. Não se lembra mais de nada. De repente, a faca, o sangue e dois corpos no chão.
Por fim, amanhã não tem mais feira para José armar sua barraca, nem a capoeira de João e nem a beleza de Juliana. A tragédia destruiu três vidas. Não tem mais a alegria e balbúrdia da feira e nem o progresso representado pela construção. Nem brincadeira e nem confusão.
O lirismo da tragédia, porém, não tem qualquer importância quando o Direito é entendido apenas como a Lei Penal. Um homicídio é apenas um homicídio. Pode ser simples, privilegiado, qualificado, culposo, doloso... mas será sempre um homicídio e basta.
Haverá um tempo, no entanto, que o lirismo das tragédias deverá ser mais importante do que o Direito. Não sei quando ainda. Talvez, quando o Direito estiver mais nas ruas e nos fatos sociais do que nos velhos manuais, nos códigos e nas leis.

Domingo no Parque
Gilberto Gil

Publicado originalmente no sítio www.gerivaldoneiva.blogspot.com


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